Uma audiência pública no Parlamento Europeu sobre o acordo União Europeia-Mercosul serviu para a Argentina, na presidência rotativa do bloco, cobrar ação dos europeus para avançar na aprovação e implementação do tratado afim de ampliar os negócios e a aliança entre os dois lados.
Diante de críticas de diferentes setores envolvendo desmatamento e preservação da Amazônia, a UE sinalizou que apresentaria em janeiro uma proposta com compromissos adicionais em matéria ambiental a aplicar às duas partes.
O plano é incluir esses compromissos numa declaração anexa para frear a enxurrada de oposição ao acordo birregional. Mas, em sua participação na audiência pública organizada pela Comissão de Comércio Internacional do Parlamento, o embaixador da Argentina na UE, Pablo Grinspun, reclamou que “o tempo passa e não recebemos sinal [da UE] para trabalhar de maneira conjunta [sobre o tema]”. O Brasil repetiu numerosas vezes que está pronto a tratar de engajamento adicional. Já os europeus dizem que continuam deliberando internamente.
O embaixador argentino declarou que as práticas não sustentáveis no Mercosul têm relação com falta de oportunidades econômicas, por isso, o compromisso adicional deve vir com financiamento para os países do bloco lutarem contra o desmatamento e a mudança climática. Em sua intervenção, a chefe da divisão de América do Sul no Serviço Europeu de Ação Externa, Véronique Lorenzo, sinalizou para “iniciativas para a Amazônia e o Mercosul”, ou seja, financiamento, sem entrar em detalhes.
O representante da Comissão Europeia, Rupert Schlegelmilch, deixou claro que Bruxelas não tem muita alavancagem para pressionar o Brasil com a cota de carne bovina, que é bastante modesta. Isso porque o tamanho da cota, de 99 mil toneladas, representa não mais que algumas semanas de exportação bovina do Brasil para a China, por exemplo.
A vice-diretora geral do Business Europe, espécie de CNI Europeia, Luisa Santos, insistiu que Bruxelas não pode perder a oportunidade por questão geopolítica. “A China está usando a diplomacia de vacinas para reforçar sua presença.”
Fonte: Valor Econômico.
This post was published on 26 de fevereiro de 2021